sábado, 16 de junho de 2012


Valor gerado pela construção mais que dobra no RN


Andrielle Mendes - Repórter

O valor gerado pelas incorporações, obras e serviços de construção subiram 156,28%  entre 2007 e 2010 no Rio Grande do Norte. Em três anos, o montante movimentado pelo setor passou de R$ 938 milhões para R$ 2,4 bilhões no RN. O incremento, acima da média regional e nacional, rendeu ao estado o quinto melhor desempenho do Nordeste. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional da Indústria da Construção 2010 e foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa (IBGE). A geração de emprego também avançou no RN. Em 2007, a construção empregava 18.272 pessoas. Número que subiu para 29.063 em 2010, segundo o IBGE.
 
De acordo com Ivanilton Passos, supervisor de disseminação de Informações do IBGE/RN, fatores como aumento do número de pessoas empregadas, crescimento da renda familiar, e desoneração do IPI para insumos da construção estão por trás dos resultados alcançados pelo estado. Soma-se à isso, o estímulo dado pelo governo federal, através do Programa Minha Casa, Minha Vida. A preferência dos estrangeiros por Natal também fez com que o Rio Grande do Norte passasse na frente dos outros estados, acrescenta Arnaldo Gaspar Júnior, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no estado (Sinduscon/RN). "Isso deu um gás no setor", justifica. 

Segundo Arnaldo, o valor gerado pelas incorporações, obras e serviços de construção continuará subindo no Rio Grande do Norte, mas num ritmo mais lento. "A Construção deve crescer 4% ou 4,5% este ano. A economia como um todo deve crescer um pouco menos".  Fatores como redução da taxa de juros, segurança jurídica dos financiamentos imobiliários, e ampliação dos prazos de pagamento, devem impulsionar o setor no segundo semestre. "Mas não esperemos um crescimento chinês, na ordem de 7 ou 8%. Até a China já não cresce mais desta forma", alerta Arnaldo.

No Brasil, o valor gerado pelas incorporações, obras e serviços das empresas de construção chegou a R$ 258,8 bilhões - um aumento real de 23,3% em relação a 2009.   

Setor espera expansão com investimentos públicos

O valor movimentado pela construção no estado poderia ser bem maior, caso o poder público aumentasse o nível de investimento e acelerasse as obras previstas, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção no Rio Grande do Norte (Sinduscon), Arnaldo Gaspar Júnior. "Estão previstos quase R$ 3 bilhões em obras, considerando as obras de mobilidade, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante, o Terminal Marítimo de Passageiros, a reestruturação da avenida Roberto Freire.  Isso até agora não aconteceu". 

A previsão era que o número de pessoas empregadas na construção no estado subisse 50%, passando dos atuais 40 mil para 60 mil até 2014 com a execução das grandes obras de infraestrutura. "Mas será que vamos ter essas obras?", questiona o presidente do Sinduscon. A preocupação, segundo ele, é grande. "O governo federal está atento e já chamou os governadores para conversar sobre isso". 

O RN, avalia Arnaldo, corre o sério risco de ser ultrapassado pelos outros estados também na construção. O Maranhão avançou e em 2010 foi o quarto do Nordeste em valor gerado pelas incorporações, obras e serviços de construção, ficando atrás apenas da Bahia, do Ceará e de Pernambuco. "Acho que se não tomarmos cuidado, os outros estados vão nos deixar para trás".

Decisão judicial libera vendas da MRV no Estado

A MRV Engenharia conseguiu ontem na 1ª Vara da Fazenda Pública de Natal a suspensão dos efeitos do despacho do Procon/RN que impediam o exercício das atividades no Rio Grande do Norte. A construtora, que é líder nacional no segmento de imóveis econômicos, estava proibida de   vender apartamentos e lançar empreendimentos no estado desde a última segunda-feira. A sanção do Procon foi motivada por atrasos na entrega de imóveis. 

Segundo Sérgio Lavarini, diretor de relações institucionais da construtora, os problemas se limitavam aos empreendimentos Veleiros (já entregue) e Nimbus (parcialmente entregue e com conclusão estimada para os próximos 60 dias). A construtora já havia participado de mais de 150 audiências na Justiça com consumidores prejudicados no estado. As ações na Justiça de primeira instância ultrapassavam 80 na última quarta-feira. Com a decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública de Natal, a MRV Engenharia conquistou o direito de participar do Feirão da Caixa Econômica Federal e colocar à venda 1.142 unidades de sete empreendimentos diferentes. A construtora montava o estande no início da noite de ontem quando a equipe de reportagem chegava para registrar o evento. Fundada em 1979, em Belo Horizonte, a MRV Engenharia vendeu mais de 180 mil unidades em 32 anos de atividade. 

Feirão gera otimismo nas construtoras

Entre as armas usadas pelo setor para vender mais estão a redução nas taxas de juros e a ampliação do prazo de financiamento, que chega agora a até 240 meses. 

Participar de feirões imobiliários também ajuda, segundo Fábio Pinto, gerente comercial da Rossi. A construtora comercializa as últimas unidades do residencial Vila Nova no 8º Feirão Caixa da Casa Própria, que segue até domingo, no Natal Norte Shopping, na Zona Norte. Fábio está otimista. A meta é vender 50% das unidades ainda não comercializadas. "A capacidade de pagamento dos clientes que nos procuraram neste primeiro dia de feirão me deixou surpreso", afirma. 

Edson Borba, gerente de vendas da Ecocil, também está otimista. A construtora, que comercializa as últimas unidades dos residenciais Eco Garden e Eco Park, conseguiu vender unidades já no primeiro dia de feirão. O 8º Feirão Caixa da Casa Própria tem 8 mil imóveis à venda, com preços a partir de R$ 60 mil. O banco projeta o fechamento de R$ 400 milhões em negócios, durante e após a edição, este ano. Apesar da oferta, tem consumidor voltando para casa sem fechar negócio. A comerciária Elaine Cristina Alves, 37, queria comprar uma casa na zona norte, mas só encontrou apartamento. Ela deixou para assinar o contrato em outra oportunidade. "Vou procurar um pouco mais".

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