Polícia prende mais um sequestrador
Roberto Lucena e Valdir Julião - repórteres
A delegada titular da Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor), Sheila Freitas, durante coletiva realizada ontem à tarde, esclareceu como os policiais realizaram a prisão de mais uma acusada de participar do sequestro de Porcino Segundo, o Popó. Orlandina Torres Carneiro, 33 anos, é a nona pessoa indiciada criminalmente pela autoria do sequestro do estudante que passou 37 dias em cativeiro entre Parnamirim e a praia de Pitangui, em Extremoz.
Orlandina foi presa na tarde da última quarta-feira, em Fortaleza-CE, quando participava do velório de um parente. Ela é apontada pela polícia como a responsável pelo financiamento do bando. "Foi ela quem alugou as casas que foram usadas como cativeiro e comprava os mantimentos com o dinheiro dela. Ela era quem custeava tudo", disse Sheila.
Segundo a delegada, Orlandina era parceira de crime do sequestrador Paulo Victor e já havia sido presa duas vezes: no ano de 2010, na cidade de Assu, e anos antes, no Distrito Federal. O motivo das prisões foi o mesmo: estelionato. A acusada ficou nove meses presa em Mossoró e desde o ano passado reside em Natal. "Ela conta que na capital potiguar não cometia crimes, mas confessou que aplicava golpes nas cidades de Recife-PE e João Pessoa-PB", afirmou Sheila. Orlandina está presa no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Emaús. A prisão foi autorizada pela pela juíza de Ceará-Mirim, Valentina Damasceno, que expediu um mandato de prisão preventiva.
Além de Orlandina Torres Carneiro, a Deicor indiciou mais duas mulheres, Antônia Berenice Damasceno Lima e Leonora Gomes de Sena, conforme os autos que estão em tramitação na Vara Criminal da Comarca de Ceará-Mirim. Berenice Damasceno Lima está em liberdade condicional desde 28 de setembro de 2011. Ela havia sido autuada criminalmente pelo crime de favorecimento à prostituição e exploração sexual, crime tipificado no artigo 228 do Código Penal Brasileiro. Ambas ainda não foram encontradas pela polícia.
Para chegar à Orlandina, a delegada Sheila explicou que a polícia contou com a ajuda de um integrante do bando que sequestrou Popó. Sheila explicou que a Deicor recebeu uma ligação anônima contando detalhes do crime. "Investigamos e confirmamos que a pessoa que estava ligando, na verdade faz parte do grupo de sequestradores", contou. Além dessa pessoa, que não teve a identidade revelada, Sheila confirmou que outros integrantes do grupo que estão presos ajudaram na investigação.
No dia do estouro do cativeiro, 24 de julho, em Pitangui, o sequestrador Francisco Genério Bruno da Silva, o "Cabeção", foi morto durante confronto com a Polícia, motivo pelo qual a juíza Valentina de Lima Damasceno vai extinguir a sua punibilidade.
Nessa ocasião também foram presos Paulo Victor Lopes Monteiro, tido como líder da quadrilha e a namorada dele Bruna de Pinho Landim, além de José Orlando Evangelista Silva, preso em Japecanga, em Parnamirim e Anderson de Souza Nascimento, que saiu na operação policial que libertou "Popó" do cativeiro.
Além dessas quatro prisões iniciais, um dia depois do "estouro" do cativeiro a Polícia Civil prendeu Luís Eduardo Lima Magalhães Filho, identificado a partir da gravação de imagem de um telejornal local, feita quando ele passou por Japecanga perguntando à vizinha pelas pessoas que estavam na casa usada como local do primeiro cativeiro de "Popó".
Atualmente, os autos encontram-se à disposição do Ministério Público, em Ceará-Mirim, para emissão de parecer. A Deicor acredita que as investigações serão encerradas no prazo de 30 dias. A Polícia Civil do RN conta com a colaboração de policiais do Ceará e Pernambuco para elucidação do crime.
Bate-papo
Sheila Freitas, delegada titular da Deicor
Como era a participação de Orlandina no sequestro?
Ela era a responsável por conseguir o dinheiro para o bando. Foi ela quem alugou as casas e repassava o dinheiro para comprar comida, água, combustível e tudo mais que era necessário para manter os cativeiros.
A acusada já era conhecida da polícia?
Sim. Ela já foi presa em Assu e no Distrito Federal. Cumpriu pena de nove meses em Mossoró e foi solta.
Qual crime ela cometeu?
Estelionato. Ela falsificava cartões de crédito e aplicava golpes em algumas cidades.
Onde ela atuava?
Ela conta que está em Natal desde 2011, mas não cometeu crimes por aqui. Disse que ia mais a João Pessoa e Recife, mas isso ainda está sendo investigado.
Como aconteceu a prisão?
Nós contamos com a ajuda da Polícia Civil do Ceará. Estávamos com o mandato de prisão em mãos e conseguimos localizar o local onde ela estava. Conseguimos prendê-la no momento em que ela participava do velório de uma criança. Depois que o sequestro foi encerrado, ela fugiu de Natal, pintou os cabelos e até mudou o jeito de se vestir para não ser reconhecida.
Como vocês chegaram até Orlandina?
Contamos com a ajuda dos próprios integrantes do bando. Além disso, recebemos uma ligação anônima dando detalhes do crime. Investigamos e conseguimos detectar que essa pessoa, na verdade, fazia parte do grupo de sequestradores. Alguns dos sequestradores temiam pela vida de Popó.
Como assim?
Eles dizem que Francisco Genério [morto na ação da polícia] ameaçava Popó dizendo que iria mutilá-lo. Eles não gostavam dessa posição.
A investigação prossegue?
Sim. Ainda há pessoas a serem presas. Acredito que encerraremos os trabalhos dentro de 30 dias. E, para tanto, continuamos contando com a ajuda de Popó.
Quantas pessoas faltam ser presas?
Não podemos revelar isso. O que posso dizer é que faltam algumas peças. Uma delas, é chegar à pessoa que levantou informações sobre Popó.
Cronologia
15 de junho
Porcino Segundo anuncia no twitter que estava seguindo para a Vaquejada de Ceará-Mirim.
17 de junho
Popó Porcino é sequestrado durante uma vaquejada no município de Ceará-Mirim. Três homens foram vistos obrigando o jovem e o tratador de cavalos que o acompanhava a entrarem em um carro de cor preta. O tratador de cavalos foi liberado pelos sequestradores no município de Santa Maria, a cerca de 40 quilômetros da cena do crime.
19 de junho
A Tribuna do Norte divulga a primeira matéria explicando o sequestro, mas, para contribuir com o bom desfecho e preservar a integridade da família de Popó Porcino, não publicou o nome do jovem sequestrado.
1º julho
O primeiro contato dos bandidos pedindo resgate foi feito 14 dias após o início do sequestro.
24 de julho
Polícias Civil e Militar estouram dois cativeiros (um em Japecanga - distrito de Parnamirim, e outro em Pitangui) usados pelos sequestradores de Popó Porcino. Neste último, Popó foi encontrado acorrentado.
09 de agosto
O Deicor anuncia a prisão da suplente de vereador na cidade de Independência (CE), Orlandina Torres Carneiro, como a nona pessoa envolvida no sequestro.
A delegada titular da Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor), Sheila Freitas, durante coletiva realizada ontem à tarde, esclareceu como os policiais realizaram a prisão de mais uma acusada de participar do sequestro de Porcino Segundo, o Popó. Orlandina Torres Carneiro, 33 anos, é a nona pessoa indiciada criminalmente pela autoria do sequestro do estudante que passou 37 dias em cativeiro entre Parnamirim e a praia de Pitangui, em Extremoz.
Orlandina foi presa na tarde da última quarta-feira, em Fortaleza-CE, quando participava do velório de um parente. Ela é apontada pela polícia como a responsável pelo financiamento do bando. "Foi ela quem alugou as casas que foram usadas como cativeiro e comprava os mantimentos com o dinheiro dela. Ela era quem custeava tudo", disse Sheila.
Segundo a delegada, Orlandina era parceira de crime do sequestrador Paulo Victor e já havia sido presa duas vezes: no ano de 2010, na cidade de Assu, e anos antes, no Distrito Federal. O motivo das prisões foi o mesmo: estelionato. A acusada ficou nove meses presa em Mossoró e desde o ano passado reside em Natal. "Ela conta que na capital potiguar não cometia crimes, mas confessou que aplicava golpes nas cidades de Recife-PE e João Pessoa-PB", afirmou Sheila. Orlandina está presa no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Emaús. A prisão foi autorizada pela pela juíza de Ceará-Mirim, Valentina Damasceno, que expediu um mandato de prisão preventiva.
Além de Orlandina Torres Carneiro, a Deicor indiciou mais duas mulheres, Antônia Berenice Damasceno Lima e Leonora Gomes de Sena, conforme os autos que estão em tramitação na Vara Criminal da Comarca de Ceará-Mirim. Berenice Damasceno Lima está em liberdade condicional desde 28 de setembro de 2011. Ela havia sido autuada criminalmente pelo crime de favorecimento à prostituição e exploração sexual, crime tipificado no artigo 228 do Código Penal Brasileiro. Ambas ainda não foram encontradas pela polícia.
Para chegar à Orlandina, a delegada Sheila explicou que a polícia contou com a ajuda de um integrante do bando que sequestrou Popó. Sheila explicou que a Deicor recebeu uma ligação anônima contando detalhes do crime. "Investigamos e confirmamos que a pessoa que estava ligando, na verdade faz parte do grupo de sequestradores", contou. Além dessa pessoa, que não teve a identidade revelada, Sheila confirmou que outros integrantes do grupo que estão presos ajudaram na investigação.
No dia do estouro do cativeiro, 24 de julho, em Pitangui, o sequestrador Francisco Genério Bruno da Silva, o "Cabeção", foi morto durante confronto com a Polícia, motivo pelo qual a juíza Valentina de Lima Damasceno vai extinguir a sua punibilidade.
Nessa ocasião também foram presos Paulo Victor Lopes Monteiro, tido como líder da quadrilha e a namorada dele Bruna de Pinho Landim, além de José Orlando Evangelista Silva, preso em Japecanga, em Parnamirim e Anderson de Souza Nascimento, que saiu na operação policial que libertou "Popó" do cativeiro.
Além dessas quatro prisões iniciais, um dia depois do "estouro" do cativeiro a Polícia Civil prendeu Luís Eduardo Lima Magalhães Filho, identificado a partir da gravação de imagem de um telejornal local, feita quando ele passou por Japecanga perguntando à vizinha pelas pessoas que estavam na casa usada como local do primeiro cativeiro de "Popó".
Atualmente, os autos encontram-se à disposição do Ministério Público, em Ceará-Mirim, para emissão de parecer. A Deicor acredita que as investigações serão encerradas no prazo de 30 dias. A Polícia Civil do RN conta com a colaboração de policiais do Ceará e Pernambuco para elucidação do crime.
Bate-papo
Sheila Freitas, delegada titular da Deicor
Como era a participação de Orlandina no sequestro?
Ela era a responsável por conseguir o dinheiro para o bando. Foi ela quem alugou as casas e repassava o dinheiro para comprar comida, água, combustível e tudo mais que era necessário para manter os cativeiros.
A acusada já era conhecida da polícia?
Sim. Ela já foi presa em Assu e no Distrito Federal. Cumpriu pena de nove meses em Mossoró e foi solta.
Qual crime ela cometeu?
Estelionato. Ela falsificava cartões de crédito e aplicava golpes em algumas cidades.
Onde ela atuava?
Ela conta que está em Natal desde 2011, mas não cometeu crimes por aqui. Disse que ia mais a João Pessoa e Recife, mas isso ainda está sendo investigado.
Como aconteceu a prisão?
Nós contamos com a ajuda da Polícia Civil do Ceará. Estávamos com o mandato de prisão em mãos e conseguimos localizar o local onde ela estava. Conseguimos prendê-la no momento em que ela participava do velório de uma criança. Depois que o sequestro foi encerrado, ela fugiu de Natal, pintou os cabelos e até mudou o jeito de se vestir para não ser reconhecida.
Como vocês chegaram até Orlandina?
Contamos com a ajuda dos próprios integrantes do bando. Além disso, recebemos uma ligação anônima dando detalhes do crime. Investigamos e conseguimos detectar que essa pessoa, na verdade, fazia parte do grupo de sequestradores. Alguns dos sequestradores temiam pela vida de Popó.
Como assim?
Eles dizem que Francisco Genério [morto na ação da polícia] ameaçava Popó dizendo que iria mutilá-lo. Eles não gostavam dessa posição.
A investigação prossegue?
Sim. Ainda há pessoas a serem presas. Acredito que encerraremos os trabalhos dentro de 30 dias. E, para tanto, continuamos contando com a ajuda de Popó.
Quantas pessoas faltam ser presas?
Não podemos revelar isso. O que posso dizer é que faltam algumas peças. Uma delas, é chegar à pessoa que levantou informações sobre Popó.
Cronologia
15 de junho
Porcino Segundo anuncia no twitter que estava seguindo para a Vaquejada de Ceará-Mirim.
17 de junho
Popó Porcino é sequestrado durante uma vaquejada no município de Ceará-Mirim. Três homens foram vistos obrigando o jovem e o tratador de cavalos que o acompanhava a entrarem em um carro de cor preta. O tratador de cavalos foi liberado pelos sequestradores no município de Santa Maria, a cerca de 40 quilômetros da cena do crime.
19 de junho
A Tribuna do Norte divulga a primeira matéria explicando o sequestro, mas, para contribuir com o bom desfecho e preservar a integridade da família de Popó Porcino, não publicou o nome do jovem sequestrado.
1º julho
O primeiro contato dos bandidos pedindo resgate foi feito 14 dias após o início do sequestro.
24 de julho
Polícias Civil e Militar estouram dois cativeiros (um em Japecanga - distrito de Parnamirim, e outro em Pitangui) usados pelos sequestradores de Popó Porcino. Neste último, Popó foi encontrado acorrentado.
09 de agosto
O Deicor anuncia a prisão da suplente de vereador na cidade de Independência (CE), Orlandina Torres Carneiro, como a nona pessoa envolvida no sequestro.
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