sexta-feira, 24 de agosto de 2012


"O Rio Grande do Norte sofre pela falta de infraestrutura"


Faltam opções de modais de transporte para o escoamento da produção do Rio Grande do Norte. Esta é a opinião do presidente da Federação das Indústrias do RN, Amaro Sales, acerca do panorama da mobilidade e transporte no Estado. Segundo Amaro Sales, as dificuldades na área de transporte têm um impacto direto no cotidiano das indústrias. "Em um estado como o Rio Grande do Norte, que fica distante dos grandes centros, o transporte, seja ele rodoviário, ferroviário, marítimo ou qualquer outro, é sempre problemático. Isso porque ficamos à mercê do transporte rodoviário", lamenta. Essas questões serão abordadas no Seminário Motores do Desenvolvimento.
Júnior SantosAmaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do RN: O grande legado para o RN, que são as obras de mobilidade, estão com os prazos ameaçadosAmaro Sales, presidente da Federação das Indústrias do RN: O grande legado para o RN, que são as obras de mobilidade, estão com os prazos ameaçados

O Projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, realizado pela TRIBUNA DO NORTE, Sistema FECOMERCIO/RN, Sistema FIERN, UFRN e GOVERNO DO ESTADO do RN, com apoio do BNDES e patrocínio da Assembleia Legislativa do Estado do RN, Ale e Seturn, terá como tema TRANSPORTES E MOBILIDADE URBANA. O Seminário, 3ª edição de 2012, será realizado no próximo dia 27 de agosto, segunda-feira, no Serhs Natal Grand Hotel, Salão Bossa Nova, 1º piso, na Via Costeira, às 8h. Este é o quinto ano do projeto Motores do Desenvolvimento e o tema Mobilidade e Transporte o 15º tema trabalhado desde o início, em 2008. Outras temáticas, como indústria, inovação e tecnologia, educação, turismo, já foram abordadas pelo Motores do Desenvolvimento. As inscrições são gratuitas e já estão abertas, porém as vagas são limitadas. Para se inscrever, é necessário ligar para os telefones 4006.6120 ou 4006.6121, durante o horário comercial.

Qual o impacto dos problemas de mobilidade e transporte no setor produtivo do RN?

Em um estado como o Rio Grande do Norte, que fica distante dos grandes centros, o transporte, seja ele rodoviário, ferroviário, marítimo ou qualquer outro, é sempre problemático. Isso porque ficamos à mercê do transporte rodoviário. O transporte marítimo do RN está abaixo do nível que deveria ter e o ferroviário, inexiste. Para as indústrias, ficam disponíveis somente as estradas do Rio Grande do Norte e os portos, como é o Porto de Natal e Areia Branca. O transporte ferroviário, assim como uma melhoria na possibilidade de usar navios, seriam melhorias necessárias para o setor produtivo deste Estado, para podermos escoar a nossa produção. O Rio Grande do Norte sofre pela falta de infraestrutura, sofre pela falta de opções e principalmente por não participar do transporte pelo ramal ferroviário. Ter ficado de fora da Transnordestina, por exemplo, foi um golpe contra o Rio Grande do Norte. E hoje é o Porto de Natal quem ainda se movimenta para escoar parte da produção do Rio Grande do Norte, seja ela o minério de ferro, da castanha, de granito, mármore, sal, etc. Temos a esperança que essas obras no porto possa significar um melhoria na oferta de transporte e logística para o setor produtivo. Nunca esquecendo que temos de pensar numa segunda opção, num segundo porto. Temos de estudar a possibilidade de fazer um porto com concessão privada, um segundo porto para reforçar esse panorama.

Esse segundo porto seria na outra margem do rio Potengi?

É uma possibilidade, mas é preciso estudar isso. É preciso ver se é melhor lá ou em Guamaré,  perto do Porto-ilha, etc. Mas é necessário pesquisar, solidificar a idéia.

A falta de opções deixa a operação mais cara e dificulta a competitividade?

Não tenha dúvidas. Hoje para se contratar uma carreta Natal-São Paulo o gasto é de R$ 12 mil a R$ 14 mil. Com um detalhe: a carreta leva pouco mais de 20 toneladas. Esse número é representativo para qualquer produto que precisa ser transportado do Sudeste para cá, e vice-versa. Veja como isso é caro e como impacta na contabilidade das empresas. Nós temos o entendimento que a competitividade dos produtos é afetada por essa falta de opções.

Nós não temos como usar por exemplo o transporte ferroviário. Você poderia levar as mercadorias até os portos por ferrovia, mas nós não fomos contemplados na questão da transnordestina. E agora mais uma vez no último anúncio da presidenta Dilma, sobre as concessões, o Rio Grande do Norte ficou de fora. Isso é prejudicial para o setor produtivo potiguar. Nós estamos totalmente alijados das outras formas.

Então, nós ficamos preocupados pela existência de uma única opção, que é a rodovia. Tudo isso torna caríssimo o transporte. E com as mudanças na legislação trabalhista para a categoria de motoristas isso pode ficar ainda mais caro. Estão todos preocupados com isso.

Teremos um novo aeroporto, mas pra que ele funcione é preciso acessos. Essa obra ainda não aconteceu. A indústria está preocupada?

Quando a nova gestão assumiu há 10 meses atrás, as prioridades colocadas foram as obras de mobilidade e o novo aeroporto, além das ZPEs, da energia eólica, etc. E hoje como a Copa do Mundo está se aproximando, há um enfoque maior nisso. Quanto às obras da Copa, acreditamos firmemente que o estádio vai ficar pronto. Não haverá problema quanto a isso. Mas o grande legado para o RN, que são as obras de mobilidade, estão com os prazos ameaçados. Eu acredito que boa parte não irá sair até o início dos jogos. Podem sair depois, mas dentro do prazo é difícil. Essas obras de mobilidade talvez possam ser contratadas pelo novo administrador da cidade e possamos ser contemplados com a liberação dos recursos. Nos jogos podemos ter até 40% ou 50% das obras, mas boa parte não estará terminada. Temos a esperança de sair no futuro.

Quanto ao aeroporto, há uma preocupação. Temos o entendimento de que o aeroporto vai ficar pronto, mas preocupa a questão dos acessos, com a infra-estrutura do entorno, que não são obras fáceis de fazer. Mas a governadora garantiu que as obras estarão concluídas. E nós temos de dar esse voto de confiança à governadora.

E em relação à tarifa de ônibus? Os custos afetam diretamente as empresas por conta do vale-transporte. O senhor é a favor do subsídio?

Sou contra o subsídio. Sempre sou contra esse tipo de solução porque é uma muleta. Você fica dependente quando usa essa solução. Eu acredito nas desonerações. Quando a indústria e o comércio precisam pagar parte desse custo, seria melhor que houvesse a desoneração, que o salário do trabalhador pudesse ser maior e ele mesmo pagaria o custo com o transporte. É discutível, mas eu sou contra o subsídio. A minha sugestão é desonerar os custos da empresa e aumentar o salário do trabalhador.

O transporte de massa não são contemplados no planejamento em Natal. Há pouca oferta. Nós temos um trem e o sistema de ônibus. É muito pouco para a quantidade  de trabalhadores  transportados todos os dias. A malha viária da Grande Natal precisa melhorar. Quais os investimentos feitos nos últimos 20 anos? Quase nenhum. Então não há como absorver os quase três mil carros que entram em circulação em Natal todos os meses. Por isso, o trânsito está caótico, como é o de uma cidade grande, principalmente nos horários de pico. É preciso incentivar a melhoria do transporte de massa.

Como o setor vê a questão do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante?

Com muito otimismo. As pistas, que são o principal, estão praticamente prontas. O terminal de passageiros está bem encaminhado e será terminado antes do cronograma inicial. Foi prometido para junho e será inaugurado em março de 2014. A preocupação é mesmo com os acessos. Há ainda a BR-304, que deveria ser duplicada.

Existe um movimento para incluir a duplicação da BR-304 no pacote de concessões. O que o senhor acha disso?

A Fiern irá apoiar qualquer movimento para conseguir a duplicação da BR-304. É triste que num pacote como o que foi anunciado pelo Governo Federal na última semana não esteja inclusa essa obra, que é fundamental. O RN ficou fora do processo mais uma vez. Quando se abre a possibilidade desta duplicação, haverá uma melhoria no escoamento da produção. Além de incrementar o turismo, já que isso impacta no turismo entre as duas capitais do Nordeste: Natal e Fortaleza. Isso precisa ser discutido pelos dois governos. A BR-101 só saiu a duplicação porque o presidente Lula o quis e comprou a briga. A BR-304 precisa ser prioridade para a presidenta.
O senhor ver as questões da mobilidade sendo discutidas pelos candidatos a prefeito de Natal?

 Todas essas questões precisam ser estudadas pelos candidatos à prefeitura e que eles possam se comprometer com as ações para desenvolver a mobilidade da capital. 

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