segunda-feira, 2 de julho de 2012


Universidade vira canteiro de obras e do saber em Natal


Sara Vasconcelos 
Valdir Julião 
repórteres

A cada semestre, estudantes e professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte se deparam com mudanças. E não é só os novos desafios da formação acadêmica. As transformações estão por todo lado. Basta olhar ao redor e pronto: há sempre uma obra iniciando, um laboratório em reforma, salas de aulas sendo ampliadas. São 84 obras em andamento, além de outras 28, previstas no orçamento 2012, que "ainda estão no papel". Deste total, cinco estão em fase de licitação , 15 em conclusão de projeto executivo e o restante ainda na elaboração do projeto arquitetônico - fase inicial. Entre eles,o Instituto Internacional de Física e o Instituto de Medicina Tropical. Para estas, a UFRN conta no orçamento 2012 com cerca de R$ 100 milhões, oriundos de diversas fontes.

A maior parte dentro do Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), que responde pela maior parte dos recursos, e dentro de outros programas como o CTInfra e Finep, do MC&T, além da Lei Orçamentária Anual, de projetos descentralizados com captação de recursos por projetos de pesquisa, via Funpec, e emendas parlamentares.
Adriano AbreuÂngela Paiva: 255 novos doutores contratados em um anoÂngela Paiva: 255 novos doutores contratados em um ano

Estes investimentos eram requisitados pelas universidades há muito tempo, explica a reitora da UFRN Ângela Paiva. O que permitiu, nos últimos oito anos, a reestruturação das universidades. Não foram apenas aquelas instituições que criaram novos cursos e vagas e, por isso cresceram que receberam os recursos, mas as universidades tiveram a chance de crescer, se reestruturar, recuperar e criar novas estruturas, o que, segundo Ângela, não ocorria há bastante tempo. "As universidades federais do Brasil são as propulsoras do desenvolvimento, as principais responsáveis pela produção na área de pesquisa e inovação", destaca a reitora.

A partir do Reuni foi dado o aporte para infraestrutura acadêmica, com a construção, reforma e ampliação de salas de aulas, laboratórios, bibliotecas, restaurantes e residências universitárias espalhados em todos os campi em Natal e no interior. "O Reuni permitiu essa grande expansão em condições que nunca tivemos antes, com contratação de professores, técnicos administrativos, obras de laboratórios, residências e bibliotecas", disse a reitora.

Os investimentos tiveram maior concentração nas áreas de ensino e pesquisa. O reforço nas estruturas laboratoriais visa dar suporte ao ensino e pesquisa em todas as áreas acadêmicas. Hoje há em construção e projetos um grande número de laboratórios, que demandam tanto recursos do Reuni, como do CT-Infra/Finep - mais de R$ 20 milhões -, além dos que são contemplado pelos esforços dos professores junto à agencias de fomento (maior parte dos R$ 13,5 milhões, via Funpec). 

O maior número de obras e investimentos se concentra entre os cursos da área de tecnologia. De acordo com Ângela Paiva isso ocorre devido a "natureza dos cursos", que exige espaços e equipamentos com tecnologia mais sofisticada. "Apesar da capilaridade de projetos em todos os centros, em termos de orçamento o centro de tecnologia é muito mais caro, assim como são também os da área de saúde, porque demandam laboratórios mais refinados, ampliados e em número maior para as práticas, o dia a dia da formação destes alunos e de pesquisas na área".

Nos últimos anos, os cursos da UFRN que mais cresceram em quantidade de vagas na graduação e pós-graduação foram nas áreas de humanas e exatas.

Entre as grandes obras estão a construção dos laboratórios das engenharias, mais conhecido como "minhocão", devido ao formato curvilíneo da estrutura que abrigará todos os laboratórios dos cinco novos cursos de engenharia, um investimento de cerca de R$ 11 milhões, que devem ser entregues ainda este ano. 

Na área da saúde, os laboratórios de pesquisa clínica e de maternidade assistida, na Maternidade Escola Januário Cicco, e as clínicas de fonoaudiologia que foram inauguradas e já são consideradas referência em ensino no Brasil. É previsto para os próximos cinco anos, a reestruturação dos hospitais universitários.

UFRN terá R$ 100 milhões para custeio da 'máquina'

A UFRN vai contar, excetuando-se os recursos para a folha de pessoal, com cerca de R$ 100,7 milhões para o custeio de sua máquina, conforme proposta de distribuição orçamentária já aprovada pelo Conselho Superior de Administração (Consad) para 2012. Um incremento de 27,98% em relação aos recursos para manutenção da estrutura da universidade do ano anterior. O pró-reitor de Planejamento da UFRN, professor João Emanuel Evangelista, explica que em custeio, recursos de investimento e folha de pagamento, o orçamento vai para R$ 1 bilhão por ano.

A UFRN tem hoje três grandes eixos do custeio. A matriz da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andife) é a principal delas, com mais de R$ 55 milhões. Esta matriz propõe como critério para a distribuição dos recursos às universidades a previsão orçamentária para a manutenção e a produtividade. "Ou seja, assegura-se que todas as universidades terão uma base e há um diferencial de repasse de recursos em função de algumas variáveis", explica o pró-reitor.

No quesito produtividade, observa Emanoel Evangelista, são considerados alguns pontos como a capacidade e eficiência na formação e aprovação dos alunos e o tempo médio que o aluno deve cursar. "Universidades que apresentam índices favoráveis nestes fatores recebem mais recursos", afirma. O número de cursos e unidades no interior, quantidade de cursos noturnos, e a boa avaliação dos cursos de pós-graduação também são avaliados para a destinação de recursos.

A manutenção da UFRN conta ainda com recursos do governo federal exclusivamente para assistência estudantil, que este ano foi quase R$ 14 milhões: "Isso significa que com o Reuni, o governo federal percebeu que a expansão de vagas se faz acompanhar com a democratização do acesso, pessoas mais pobres passaram a ter oportunidade de ingressar na universidade". Tais políticas buscam oferecer condições para que o aluno que ingressou na instituição tenha permanência adequada.

O Programa Nacional de Auxílio ao Estudante (Pnae) garante recursos para assegurar o restaurante e residências universitárias, auxílio moradia, auxílio transporte, atendimento médico e odontológico. "Estamos introduzindo recursos para alunos com problemas visuais adquirirem os óculos", acrescentou Evangelista.

E outros cerca de R$ 27 milhões do programa Reuni esse ano, afora pouco mais de R$ 4 milhões para expansão, que são recursos extras para custeio de estruturas que surgiram depois do Reuni, como o Instituto Internacional de Física, Metrópole Digital, instituto do Cérebro e Instituto de Medicina Tropical. "O MEC aporta esse recursos para que esses projetos estratégicos tenham o mínimo de recursos para que sejam implantados e funcionem adequadamente".

Doutores impulsionam pesquisa

A qualificação e aumento do quadro de pessoal também faz parte do processo de reestruturação.  À medida que cresce o número de doutores que ingressaram na UFRN, há necessidade e oportunidade de mais vagas e cursos de pós-graduação, que implica em "demandar mais espaço, mais laboratório, mais equipamentos, mais atualização", explica a reitora da UFRN Ângela Paiva. Somente no último ano, foram incorporados por meio de concurso ou processo de titulação, 255 novos doutores totalizando mais de 1,5 mil doutores no quadro efetivo da universidade. A melhor qualificação de pessoal resultou na composição de 41 novos grupos de pesquisa.

"Com mais doutores percebemos um crescimento que demonstra um fortalecimento na área de pesquisa e de pós-graduação, que cresce paralelamente. Isso gera a formação de novos doutores, que serão absorvidos nesta ou em outra instituição do ensino público", analisa Ângela Paiva. Hoje existem 84 cursos de pós-graduação, sendo 30 de doutorado e 54 de mestrado. Dois cursos de doutorados tem conceito 6 - doutorado em ciência e engenharia de materiais e o doutorado em física.

Além dos 41 novos grupos de pesquisa, houve um número significativo de oito novos pedidos de registro patentes, produtos ou processos que em breve serão disponibilizados. O número é semelhante ao de solicitações nos últimos cinco anos. O crescimento se deu ainda no quadro de vagas. Para o vestibular 2013, a UFRN abriu cerca de 300 novas vagas de graduação. O Metrópole Digital, este ano, também vai ofertar, além dos cursos técnicos, cursos de graduação, como bacharelado em tecnologia da informação com 240 vagas.

Obras:

Restaurantes universitários - No campus central, haverá a construção de um segundo refeitório, próximo ao centro de tecnologia. O atual foi ampliado, há dois anos, com recursos do Reuni, mas já se encontra superdimensionado. Com a ampliação passará a atender a demanda de 3 mil refeições por dia. No interior, os refeitórios da Escola de Jundiaí e do Hospital de Santa Cruz também passa por ampliação para atender os estudantes.

Metrópole Digital - À entrada do campus universitário, terá quatro pavimentos, numa área de mais de 3 mil metros quadrados. A obra está orçada em R$ 11.797,88 e promete transformar o Estado no Pólo de Tecnologia Digital do Brasil. Este ano, além dos cursos técnicos será ofertado o bacharelado em tecnologia da informação, com 240 vagas.

Clínicas de fonoaudiologia - Inauguradas há cerca de três meses, já são consideradas referência em ensino no Brasil, por dispor de tecnologia de ponta. Um grupo de doutores que pretendem criar o mestrado profissional. A obra custou cerca de R$ 1 milhão, financiados pelo Reuni. E outros R$ 310 mil foram investidos somente na aquisição de equipamentos. São salas de audiologia, terapia fonoaudiológica, supervisão, consultório médico e toda estrutura de clínica-escola, em uma área de aproximadamente 350m².

Minhocão - É um dos maiores investimentos da UFRN, cerca de R$ 11 milhões. O prédio dos laboratórios das engenharias, ganhou a alcunha devido ao formato curvilíneo e abrigará todos os laboratórios dos cinco novos cursos de engenharias - de comunicação, meio ambiente, de petróleo, mecatrônica e engenharia biomédica. Os laboratórios darão suporte também a outros cursos. A obra é prevista para ser concluída ainda este ano.

Teatro - Está em fase de licitação para aquisição de equipamentos, orçados em R$3 milhões, para só então ser inaugurado. Inspirado no teatro de Salvador, o teatro de 1,2 mil metros quadrados irá consumir cerca de R$ 1,8 milhão. Projetado para ser utilizado em vários formatos (arena, semi-arena, palco frontal, auditório), tem capacidade de receber até 800 pessoas.

Complexo Poliesportivo - A UFRN conseguiu a autorização a liberação de R$ 5,5 milhões do Ministério do Esporte para execução da primeira etapa do Projeto de Modernização da Infraestrutura do Parque Poliesportivo. O projeto consiste na construção de uma moderna pista de atletismo, com mais de 400 metros, e na recuperação do sistema elétrico do Parque Poliesportivo, que servirá centro de treinamento na Copa 2014.

Hospitais universitários - Os hospitais irão receber R$ 6,6 milhões, em investimentos do Ministério da Saúde. Os recursos fazem parte do Programa de Expansão e Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais  e devem ser empregados na aquisição de equipamentos, reformas e na ampliação do atendimento à população.

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