Aliny Gama e Carlos Madeiro
Do UOL, em Natal
Do UOL, em Natal
Com calamidade pública decretada na área da saúde desde o dia 4 de julho, os hospitais do Rio Grande do Norte enfrentam problemas com o desabastecimento de remédios e falta de material básico para atendimento. Os pacientes e acompanhantes reclamam da situação e alegam que são obrigados a pagar por remédios que deveriam ser fornecidos gratuitamente.
Durante três dias, a reportagem do UOL visitou três dos principais hospitais de Natal e constatou uma série de problemas, entre eles falta de remédios, equipamentos e insumos, além de muitos casos de improviso no atendimento.
A rede de saúde sofre com problemas estruturais básicos, como mofo em enfermarias, aparelhos de ar-condicionados quebrados e falta de espaço para atender a demanda dos pacientes.
No hospital Walfredo Gurgel, o maior de urgência e emergência do Estado, muitos pacientes são obrigados a ficar em macas nos corredores, com colchões sem lençóis. A maioria dos que têm lençóis para forrar macas e camas alega que o material é trazido de casa.
No hospital Walfredo Gurgel, o maior de urgência e emergência do Estado, muitos pacientes são obrigados a ficar em macas nos corredores, com colchões sem lençóis. A maioria dos que têm lençóis para forrar macas e camas alega que o material é trazido de casa.
As macas se apertam nos estreitos corredores, que mais lembram um cenário de um hospital de guerra. Logo na entrada da emergência muitos pacientes estão internados de forma improvisada e recebem atendimento precário por conta da greve dos médicos. Durante a visita feita pela reportagem do UOL, pelo menos oito pacientes foram vistos internados em colchões sem lençóis.
“Dizem que isso aqui é a guerra, mas acho que na guerra é melhor, pois pelo menos eles têm boa vontade e atendem a pessoa, mesmo sem estrutura”, contou um paciente com uma lesão na mão direita, que aguardava atendimento de um especialista há mais de 20 horas.
No hospital Ruy Pereira, especializado em atendimento a pacientes com problemas vasculares, a falta de medicamentos e insumos é constante há meses e prejudica o atendimento. As condições precárias da unidade já causaram um surto de superbactérias que matou duas pessoas em um só dia.
Segundo profissionais da unidade, não havia máscaras para atendimentos, por exemplo. Vários medicamentos também estavam em falta. Segundo os relatos, a carência é antiga e se agravou nos últimos meses. Há um ano, a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) não possui um aparelho de raio-x, que realizada um exame considerado básico para pacientes internados.
No hospital pediátrico José Bezerra (mais conhecido como hospital Santa Catarina), a falta de suprimentos é rotina tão constante que os funcionários da unidade criaram um sistema de rodízio para não deixar faltar água, luvas e outros insumos básicos, além de compras imediatas de medicamentos.
“Dizem que isso aqui é a guerra, mas acho que na guerra é melhor, pois pelo menos eles têm boa vontade e atendem a pessoa, mesmo sem estrutura”, contou um paciente com uma lesão na mão direita, que aguardava atendimento de um especialista há mais de 20 horas.
No hospital Ruy Pereira, especializado em atendimento a pacientes com problemas vasculares, a falta de medicamentos e insumos é constante há meses e prejudica o atendimento. As condições precárias da unidade já causaram um surto de superbactérias que matou duas pessoas em um só dia.
Segundo profissionais da unidade, não havia máscaras para atendimentos, por exemplo. Vários medicamentos também estavam em falta. Segundo os relatos, a carência é antiga e se agravou nos últimos meses. Há um ano, a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) não possui um aparelho de raio-x, que realizada um exame considerado básico para pacientes internados.
No hospital pediátrico José Bezerra (mais conhecido como hospital Santa Catarina), a falta de suprimentos é rotina tão constante que os funcionários da unidade criaram um sistema de rodízio para não deixar faltar água, luvas e outros insumos básicos, além de compras imediatas de medicamentos.
“No quadro de avisos colocamos uma tabelinha com os nomes dos contribuintes para pagamento da água para não ficarmos com sede. Todo mês, cada um dá R$ 20 para a cota da compra de garrafões de água, mas muitas vezes temos outras despesas extras para compra de luvas, gazes, álcool em gel e até papel higiênico”, diz a médica pediatra Lyenka Pinto. "Já as máscaras também somos nós que custeamos. Cada um tem sua caixinha guardada porque aqui não tem há muito tempo no estoque."
A pediatra, que também é coordenadora clínica do hospital, disse que com a falta de medicamentos no Santa Catarina muitas vezes os médicos tentam conseguir amostras grátis com representantes de remédios ou ainda tiram do próprio bolso para poder atender a um paciente em estado grave.
"Sofremos antes, durante e depois de cada plantão devido a falta de estrutura no Santa Catarina. Tenho 17 anos como médica no Estado e nunca vi uma situação tão precária como esta que estamos vivenciando. É uma falta de tudo", disse a médica.
A pediatra, que também é coordenadora clínica do hospital, disse que com a falta de medicamentos no Santa Catarina muitas vezes os médicos tentam conseguir amostras grátis com representantes de remédios ou ainda tiram do próprio bolso para poder atender a um paciente em estado grave.
"Sofremos antes, durante e depois de cada plantão devido a falta de estrutura no Santa Catarina. Tenho 17 anos como médica no Estado e nunca vi uma situação tão precária como esta que estamos vivenciando. É uma falta de tudo", disse a médica.
No hospital, apesar das carências, existem equipamentos que nunca foram usados e estão encaixotados há cerca de dois anos depois que foram enviados pelo Ministério da Saúde.Entre eles estão dois conjuntos de aparelhos de raio-x e equipamentos para abertura de 10 leitos de UTI neonatal ou pediátrica.
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