CPI vai indiciar mulher de Carlinhos Cachoeira
Andressa Mendonça foi detida por algumas horas e terá de pagar fiança de R$ 100 mil por tentar chantagear o juiz
Brasília A cúpula da CPI do Cachoeira vai sugerir ao final dos trabalhos o indiciamento de Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A detenção dela ontem pela Polícia Federal em Goiânia, sob suspeita de tentar subornar um juiz federal para beneficiar o contraventor, reforçou a convicção entre os integrantes da CPI de que a mulher assumiu papel de comando na organização de Cachoeira.
Recebida pelo juiz, a Andressa definiu Alderico como "tacanho, meio capiau". Ela teria tentado divulgar um dossiê contra o magistrado FOTO: AGÊNCIA BRASIL
A equipe técnica da comissão tem trabalhado com informações segundo as quais Andressa seria uma espécie de laranja no esquema de lavagem de dinheiro de Cachoeira. Agora, para um integrante da cúpula da comissão, estaria provado que a mulher do contraventor também faz parte da "quadrilha". Ela vai depor na CPI no dia 7 de agosto.
"(A detenção) evidencia que ela estava sendo uma espécie de operadora da organização", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), favorável à quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Andressa, que não foram realizados durante a Operação Monte Carlo.
"Comprovamos os indícios do seu envolvimento", afirmou ontem o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que quer indiciá-la. Com a prisão de Cachoeira, no dia 29 de fevereiro, coube a Andressa, na avaliação de integrantes da CPI, policiais federais e procuradores, a articulação política e jurídica do processo.
Semanalmente ela visita o contraventor na Papuda, em Brasília, mantendo intenso relacionamento com advogados do caso, não só os que defendem o companheiro. Com a liberdade de alguns dos acusados, Andressa passou a conversar com eles.
Encontros
Nos dois dias de audiência da Justiça em Goiânia na semana passada, no processo contra Cachoeira, chamou a atenção a desenvoltura de Andressa com comparsas do grupo. Ela conversou frequentemente com todos os seis réus e com advogados de aliados de Cachoeira.
Diariamente, ela garantiu autorização judicial para conversar com Cachoeira nas instalações da Justiça goiana. O último dos encontros, na quarta-feira, foi reservado. No mesmo dia, Andressa relatou ter ido ao gabinete de Alderico dos Santos durante o intervalo do almoço. Recebida pelo magistrado para tratar dos encontros com o companheiro, Andressa definiu o juiz como "tacanho, meio capiau".
No dia seguinte, o juiz teve um novo encontro com a mulher de Cachoeira. Dessa vez, segundo Alderico relatou ao Ministério Público, Andressa ofereceu-lhe a possibilidade de "ingerência junto a (sic) jornalista para evitar a publicação de dossiê contendo fatos ligados à vida do magistrado".
Andressa teria dito que o dossiê com "informações desfavoráveis" a ele seria divulgado pelo "repórter Policarpo na revista ´Veja´" caso Cachoeira não fosse liberado. Redator-chefe da revista em Brasília, Policarpo Júnior aparece conversando com Cachoeira em diálogos interceptados na operação
Após o testemunho do magistrado, outro juiz, Mark Brandão, determinou a busca e apreensão de documentos na casa de Andressa, determinou à PF que a levasse ao Judiciário sob condução coercitiva para prestar esclarecimentos e ainda a proibiu de manter qualquer contato com Cachoeira e todos os outros réus. Brandão determinou o pagamento de R$ 100 mil de fiança até a quarta-feira. Andressa acabou sendo solta.
O delegado Sandro Paes Sandre, da Polícia Federal, disse que a acareação entre o juiz Alderico e Andressa será na próxima semana. A mulher de Carlinhos Cachoeira, foi denunciada por tentativa de chantagem.
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