Ryokichi Kawashima concorre de maneira independente.
Deputados eleitos neste domingo irão indicar futuro primeiro-ministro.
Um homem de 94 anos é o candidato mais velho a uma vaga na Câmara Baixa do Japãoneste domingo (16). Ryokichi Kawashima decidiu se candidatar de maneira independente, em um contraponto aos dois principais partidos, o Partido Democrático do Japão (PDJ), do atual primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, e o Partido Liberal Democrata (PLD), do ex-premiê Shinzo Abe.
Quando Kawashima entrou no setor responsável pelas inscrições para as eleições parlamentares do Japão em Tóquio, a mulher que estava do outro lado do balcão falou: “Você está falando sério?”.
Ele havia retirado cerca de 3 milhões de yens (US$ 36,4 mil) da quantia guardada para seu funeral e se tornou, a três horas do fim do prazo, o mais velho candidato à Câmara Baixa do Japão.
“Eu senti que agora era a minha vez”, disse Kawashima, apontando com orgulho para uma foto sua em um painel na calma cidade de Hanyu.
“Tive a ideia quando vi um debate na TV entre os dois principais partidos. Não consegui suportar o quão desorganizados e fragmentados eles estavam. Eles não tinham nenhuma ligação com a realidade”, disse.
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Viúvo, Kawashima mora sozinho e parece ser capaz de se manter sem ajuda. Sua carteira da habilitação tem validade por mais três anos, ele anda apenas com a ajuda de uma bengala, e não usa óculos.
Sua decisão de se candidatar foi tomada após consultar a família. “Todos os meus amigos estão mortos, então eu organizei uma reunião da família e pedi ajuda”, afirmou.
Kawashima lançou sua candidatura de maneira independente. Ele próprio financia sua campanha, e sua equipe é composta por membros da família. Ele admite que tem poucas chances de ser eleito, concorrendo com candidatos dos dois principais partidos.
Mas Kawashima, que nasceu no ano do fim da Primeira Guerra Mundial, representa a fatia da população que mais cresce e tem recebido mais atenção nos últimos tempos: os idosos.
O país envelheceu em um ritmo sem precedentes nas últimas três décadas – e atualmente as pessoas com mais de 65 anos correspondem a um quarto da população.
Kawashima faz campanha pedindo o voto de jovens no Japão (Foto: Yoshikazu Tsuno/AFP)
Há um consenso geral entre os partidos políticos de que os benefícios devem ser atualizados, com foco maior em um sistema que beneficie todas as gerações, e não apenas os idosos.
Kawashima não tem utilizado as questões dos idosos como bandeira de campanha. Ao invés disso, ele dirige pela cidade levantando as bandeiras anti-nuclear e anti-nacionalista.
As tensas relações com a China estão no centro da campanha, após o acirramento da disputa pela posse de ilhas na região.
“Eu lutei na guerra Sino-japonesa por sete anos, e os chineses me ajudaram a sobreviver nos difíceis anos pós guerra, então os entendo bem”, afirmou. Ele permaneceu na China após a guerra, e quando voltou ao Japão e tornou vendedor de churrasqueira. Depois, se aposentou e foi viver em Hanyu, onde mantém uma empresa de seguros.
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