Marcados por passado de medo e solidão, eles comemoravam o presente.
Participantes do jantar contaram experiências de vitória sobre as drogas.
Ex-moradores de rua e ex-viciados em drogas reunidos em uma pequena casa no Belenzinho, Zona Leste de São Paulo, aproveitaram a noite de segunda-feira (24), véspera de Natal, para fazer uma ceia com um menu diferente do tradicional, mas com a alegria costumeira da data. No cardápio, macarronada, carne moída, farofa e frango assado, todos preparados pelos acolhidos.
Marcados por um passado de medo, tristeza e solidão, cada membro da família, como eles se chamam, tinha motivos de sobra para celebrar.
O vendedor Leonardo de Freitas Lima, de 22 anos, mal se reconhecia com a camisa e a calça sociais que vestia. Ele, que há três meses estava nas ruas, mexendo no lixo atrás de comida, era um dos que mais sorria. “Lembro como me olhavam antes, quando fugiam de mim. Agora as pessoas vêm conversar, tenho amigos. Não sinto mais medo de caminhar na rua”, afirmou.
Família para quem não tem família
Entre os acolhidos pela Missão Belém, projeto idealizado em 2005 pelo padre Giampietro Carraro que utiliza a fé para retirar as pessoas das ruas, estavam crianças, muitas delas em processo de adoção, e adolescentes. Eles ganharam brinquedos e se divertiam na rua em frente à sede da associação. “Aqui é uma família para quem não tem família”, ressaltou o padre.
Entre os acolhidos pela Missão Belém, projeto idealizado em 2005 pelo padre Giampietro Carraro que utiliza a fé para retirar as pessoas das ruas, estavam crianças, muitas delas em processo de adoção, e adolescentes. Eles ganharam brinquedos e se divertiam na rua em frente à sede da associação. “Aqui é uma família para quem não tem família”, ressaltou o padre.
Antes da ceia, Carraro celebrou uma missa animada na sede da missão, que contou com música e dezenas de fiéis. Durante a celebração, o pintor Fábio contou o drama que viveu na Cracolândia. “Cheguei a ficar sete dias usando droga direto”. Há pouco mais de um ano, foi acolhido e largou o crack.
Para ele, a ceia de Natal tem um significado muito especial. “Muitos aqui nunca tiveram uma ceia. E assim eles descobrem o significado do Natal, do nascimento de Cristo.”
Missionário da associação, Paulo Emiliano Alves, de 40 anos, disse que chegou ao fundo do poço no início da década de 2000. O alcoolismo fez com que ele bebesse acetona misturado em café para tentar saciar o vício. “Quando me vi lendo a embalagem de xampu para ver se tinha álcool, vi que tinha que mudar.”
Desde 2006 “limpo”, agora se esforça para tirar pessoas que viveram drama semelhante ao dele. O Natal, na opinião dele, é uma ocasião em que se pode ajudar a melhorar a vida de todos. “Hoje infelizmente todo mundo pensa só em comprar, comer e se vestir. Mas o sentido do Natal, da ceia natalina, é a família. É conhecer Deus”, completou.
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