Ministros são citados em conversas de Demóstenes e Cacheira
BRASÍLIA - Com a fama de perseguidor de corruptos, Demóstenes Torres (sem partido-GO) conseguiu a proeza de ter acesso a muitos gabinetes de ministros, mesmo sendo da oposição. Desde que estourou a Operação Monte Carlo, há dois meses, essa desenvoltura vem gerando constrangimento a vários ministros do governo Dilma e também do Supremo Tribunal Federal.
O titular das Minas e Energia, Edison Lobão, é um dos citados nas gravações da Polícia Federal. Em conversa de 8 de junho de 2011, o bicheiro Carlinhos Cachoeira discute com o então diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, a divisão de negócios em Goiás. Em dado momento, o diretor da Delta diz que o ministro teria dado um recado a Demóstenes sobre o negócio. Procurado, Lobão disse que só recebeu Demóstenes para tratar da venda da companhia de energia de Goiás, Celg, à Eletrobras.
Nos últimos dias, também vieram à tona diálogos que mostram que Demóstenes teria procurado o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o então ministro da Educação, Fernando Haddad, para defender assuntos de interesse da quadrilha. Padilha foi citado em conversa entre Cachoeira e seu auxiliar Wladimir Garcez em março do ano passado. Segundo o auxiliar, o ministro teria sugerido que ajudaria um negócio do grupo na área farmacêutica. Padilha disse nunca ter recebido Cachoeira ou Wladimir, mas reconheceu que várias vezes Demóstenes foi à pasta pedir benefícios para a indústria farmacêutica de Goiás.
Diálogos interceptados pela PF mostram que o senador deu carona ao ministro do Supremo José Dias Toffoli, quando ia se encontrar com um preposto de Cachoeira. A assessoria de imprensa do Supremo informou que não conseguiu obter uma resposta do ministro, mas disse que, como Demóstenes era atuante na discussão da PEC do Judiciário, uma vez que foi procurador de Justiça em Goiás, era comum a troca de informações.
O ministro Gilmar Mendes, também do STF, foi outro citado em interceptações telefônicas. Em telefonema entre Demóstenes e o bicheiro, o senador diz ao amigo que Gilmar pediu para subir ao Supremo ação bilionária sobre a Celg. A dívida da estatal é de cerca de R$ 6 bilhões e, para Demóstenes, a depender da decisão de Gilmar Mendes, o valor poderia cair à metade. O ministro informou que o assunto é técnico e que sua decisão de puxar para o STF ação do tipo é procedimento de rotina.
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