A falta de uma política industrial e de investimentos em infraestrutura tem levado a economia do Rio Grande do Norte a caminhar em marcha lenta na comparação com estados vizinhos e, por consequência, tem afetado o mercado de trabalho. A avaliação é do analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ivanilton Passos, com base em dados divulgados ontem pelo Instituto. De acordo com o levantamento, o RN registrou o menor crescimento do Nordeste no número de pessoas ocupadas assalariadas, entre 2007 e 2010, com uma variação de 15,54%. O estado também alcançou, na região, o terceiro menor avanço nos salários médios reais no período (veja o ranking no quadro).
O cenário potiguar, retratado na publicação Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (CEMPRE 2010), preocupa. O problema é que embora tenha havido crescimento nos indicadores relacionados ao mercado de trabalho após a crise financeira mundial que eclodiu em 2008 e continuou com força em 2009, o estado não tem acompanhado o ritmo dos vizinhos.
O número de pessoas assalariadas é um dos que crescem em compasso menor. O indicador registrou alta de 15,54% no RN, mas teve incremento superior a 20% na maioria dos estados nordestinos, com exceção de Alagoas e Sergipe, onde cresceu, respectivamente, 18,36% e 16,37%.
"Os outros estados têm investindo em política industrial, em produção, e o RN se acomodou. Não tem seguido essa cartilha e tem ficado para trás", diz Passos. "O estado também não tem infraestrutura e isso dificulta a captação de grandes empreendimentos", acrescenta.
O CEMPRE considera informações de empresas formais com inscrição no CNPJ, além de outras organizações, como órgãos da administração pública, entidades sem fins lucrativos e instituições extraterritoriais. Em 2010, o cadastro registrou no RN a existência de 59.131 Unidades Locais (endereços de atuação empresarial com uma ou mais atividades). Juntas, elas ocupavam 635.433 trabalhadores e, entre salários e outras remunerações, desembolsaram no ano R$ 9,59 bilhões.
Na comparação com 2007, o levantamento destaca que houve crescimento de 19,8% no número de unidades empresariais - foi o segundo maior do Nordeste - além do aumento de 15,55% no número total de pessoas ocupadas, que inclui o pessoal assalariado, sócios e proprietários das empresas. Esse crescimento ficou abaixo da média do país, que foi de 17,3%. O número de pessoas assalariadas também aumentou menos que no Brasil e na região Nordeste.
Com relação ao pessoal assalariado, a participação do estado no país ficou estacionada em 1,3% entre 2007 e 2010.
Nos salários, avanço foi o terceiro menor do Nordeste
Em termos de remuneração, o Rio Grande do Norte ostentava em 2010 o terceiro maior salário médio real mensal do Nordeste - o número chegava a R$ 1.328,15 - mas ao mesmo tempo registrou, entre 2007 e 2010, o menor crescimento da região no valor. O avanço, que ficou em 16,1%, só foi superior às taxas da Bahia (11,2%) e do Piauí (10,8%).
Para Ivanilton Passos, o ritmo do salário também reflete, no RN, o baixo crescimento econômico e a falta de indústrias e outras empresas que ofereçam salários mais elevados. "O que segura os salários e faz com que a média potiguar esteja lá em cima é a indústria extrativa, especificamente a Petrobras", observa.
Os dados do estudo comprovam o peso da indústria extrativa. Em 2010, enquanto o mercado de trabalho do estado pagava em média 2,6 salários mínimos por mês e o de Natal pagava em média 3,1 salários, a indústria extrativa chegava a pagar 22,2 salários mínimos na capital (veja os números de Natal no quadro) - três vezes mais que a área de eletricidade e gás que ficou em segundo lugar no ranking. No estado, a média paga pelas indústrias extrativas foi de 7,4 salários mínimos.
SAIBA MAIS
O CEMPRE abrange os anos de 2007 a 2010, mas outros levantamentos mostram que, após esse período, a marcha lenta no RN continuou. O Ministério do Trabalho e Emprego, por exemplo, informa que o estado fechou 2011 com a menor taxa de crescimento do país na geração de empregos com carteira assinada. O número de empregos gerados no ano, 12.475, significou um acréscimo de 3,19% sobre o total de assalariados existente até dezembro de 2010. Um estudo do Sebrae RN também mostra desaceleração. O levantamento aponta que a participação potiguar na geração de postos com carteira assinada no Nordeste caiu de 8,5% para 3,7% entre 2005 e 2011.
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