quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Rainha de abelha sem ferrão podem ser produzidas em larga escala


Aprove ImagemA multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão ganha novo impulso com as inovações obtidas por um grupo de pesquisadores. Larvas que dariam origem a operárias são retiradas da colônia e superalimentadas em laboratório até se desenvolvem em rainhas. Dessa forma, é possível produzir milhares de rainhas a partir de uma única colônia matriz. O trabalho consta em artigo dos pesquisadores
Cristiano Menezes (Embrapa Amazônia Oriental), Ayrton Vollet-Neto (Universidade de São Paulo) e Vera Imperatriz Fonseca (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) que ganhará as páginas da revista Apidologie, uma referência na área de abelhas. 

Embora a técnica tenha sido desenvolvida pela pesquisadora Conceição Camargo há cerca de 40 anos, os resultados ainda eram muito baixos. “A meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) é uma atividade que tem crescido e as colônias disponíveis ainda são insuficientes para atender à demanda”, avalia o pesquisador Cristiano Menezes. Com as inovações da pesquisa ora publicada, colônias poderão ser reproduzidas em larga escala. 

Técnica

Na maior parte dos gêneros de abelhas sem ferrão, a rainha não provém de uma linhagem especial, mas é resultado da maior ingestão de alimentos. “Larvas que comem pouco se tornam operárias e larvas que comem muito geram rainhas”, resume Menezes. Dessa forma, é possível manipular a alimentação das larvas para induzir a formação de rainhas. No ambiente natural, as células onde são depositadas as larvas das futuras rainhas recebem até oito vezes mais alimento do que aquelas destinadas às operárias.

A pesquisa tratou de estudar e aprimorar os protocolos já estabelecidos para criação das larvas de abelhas rainhas. “Os alvéolos de cera anteriormente usados para colocar o alimento e as larvas foram substituídos por placas de acrílico, melhorando a assepsia e acelerando o processo”, explica Menezes. Além disso, diferentes opções de controle de umidade foram avaliadas e um protocolo mais adequado foi estabelecido. Novos procedimentos na coleta do alimento larval e das larvas também foram adotados. “Depois de muitos experimentos foram obtidas taxas de até 98% de sobrevivência entre as larvas criadas em laboratório”, afirma Menezes.

O trabalho foi realizado com a espécie Scaptotrigona depilis, conhecida popularmente como mandaguari. Essas abelhas formam colônias populosas (cerca de 10 mil), produzem grande quantidade de mel e são importantes polinizadoras de culturas agrícolas, como morango e café.

Essa técnica de produção de rainhas in vitro também pode ser usada para a maioria das outras abelhas sem ferrão, entre elas a "abelha mosquito" (Plebeia minima), potencial polinizadora de cupuaçu; a “canudo” (Scaptotrigona postica), potencial polinizadora de rambutã, taperebá, açaí, além de grande produtora de mel; e a “marmelada” (Frieseomelitta varia), espécie ótima para produção de própolis na região amazônica.

Além de aperfeiçoar a multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão, o novo método também vai contribuir com os trabalhos de melhoramento genético. “Ao se identificar entre diversas abelhas rainhas a mais produtiva, será possível reproduzi-la mais intensamente”, conclui Menezes. Segundo o pesquisador, a técnica também oferece novas possibilidades para o estudo da biologia do desenvolvimento das abelhas sem ferrão, bem como o efeito de doenças e produtos químicos na saúde desses insetos

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