A multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão ganha novo impulso com as inovações obtidas por um grupo de pesquisadores. Larvas que dariam origem a operárias são retiradas da colônia e superalimentadas em laboratório até se desenvolvem em rainhas. Dessa forma, é possível produzir milhares de rainhas a partir de uma única colônia matriz. O trabalho consta em artigo dos pesquisadores
Cristiano Menezes (Embrapa Amazônia Oriental), Ayrton Vollet-Neto (Universidade de São Paulo) e Vera Imperatriz Fonseca (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) que ganhará as páginas da revista Apidologie, uma referência na área de abelhas. Embora a técnica tenha sido desenvolvida pela pesquisadora Conceição Camargo há cerca de 40 anos, os resultados ainda eram muito baixos. “A meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) é uma atividade que tem crescido e as colônias disponíveis ainda são insuficientes para atender à demanda”, avalia o pesquisador Cristiano Menezes. Com as inovações da pesquisa ora publicada, colônias poderão ser reproduzidas em larga escala. Técnica Na maior parte dos gêneros de abelhas sem ferrão, a rainha não provém de uma linhagem especial, mas é resultado da maior ingestão de alimentos. “Larvas que comem pouco se tornam operárias e larvas que comem muito geram rainhas”, resume Menezes. Dessa forma, é possível manipular a alimentação das larvas para induzir a formação de rainhas. No ambiente natural, as células onde são depositadas as larvas das futuras rainhas recebem até oito vezes mais alimento do que aquelas destinadas às operárias. A pesquisa tratou de estudar e aprimorar os protocolos já estabelecidos para criação das larvas de abelhas rainhas. “Os alvéolos de cera anteriormente usados para colocar o alimento e as larvas foram substituídos por placas de acrílico, melhorando a assepsia e acelerando o processo”, explica Menezes. Além disso, diferentes opções de controle de umidade foram avaliadas e um protocolo mais adequado foi estabelecido. Novos procedimentos na coleta do alimento larval e das larvas também foram adotados. “Depois de muitos experimentos foram obtidas taxas de até 98% de sobrevivência entre as larvas criadas em laboratório”, afirma Menezes. O trabalho foi realizado com a espécie Scaptotrigona depilis, conhecida popularmente como mandaguari. Essas abelhas formam colônias populosas (cerca de 10 mil), produzem grande quantidade de mel e são importantes polinizadoras de culturas agrícolas, como morango e café. Essa técnica de produção de rainhas in vitro também pode ser usada para a maioria das outras abelhas sem ferrão, entre elas a "abelha mosquito" (Plebeia minima), potencial polinizadora de cupuaçu; a “canudo” (Scaptotrigona postica), potencial polinizadora de rambutã, taperebá, açaí, além de grande produtora de mel; e a “marmelada” (Frieseomelitta varia), espécie ótima para produção de própolis na região amazônica. Além de aperfeiçoar a multiplicação de colônias de abelhas sem ferrão, o novo método também vai contribuir com os trabalhos de melhoramento genético. “Ao se identificar entre diversas abelhas rainhas a mais produtiva, será possível reproduzi-la mais intensamente”, conclui Menezes. Segundo o pesquisador, a técnica também oferece novas possibilidades para o estudo da biologia do desenvolvimento das abelhas sem ferrão, bem como o efeito de doenças e produtos químicos na saúde desses insetos. |
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Rainha de abelha sem ferrão podem ser produzidas em larga escala
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