Foi prefeito de Caicó no início da década de 1970 vencendo o médico Vivaldo Costa, então estreante na política, por uma maioria de apenas 75 votos, numa campanha memorável, na qual a tônica era a bandeira branca da paz.
"Manoel Torres era como a fibra do algodão. Pessoa de determinação e muita coragem. Ele não sabia ficar em cima do muro. Entregava-se por inteiro àquela causa, e nunca fez inimigo. Podia ter divergências partidárias, mas nunca inimigos", lembrou a governadora Rosalba Ciarlini, que antecipou a posse de dois novos auxiliares para ir ao enterro. "Esta é uma tarde que marca toda uma história da política do Rio Grande do Norte, do Seridó e de Caicó. Tenho que agradecer [ao ex-prefeito Manoel Torres] em nome de centenas de peemedebistas espalhados Rio Grande do Norte afora. Você foi um exemplo. Muito obrigado por tudo que nos deu, e nos ensinou", complementou o deputado Henrique Eduardo Alves.
O ex-deputado Álvaro Dias, que entrou na política pelas mãos de Torres lembrou que ele sempre foi uma referência para todos os políticos. "Muito obrigado pelas lições que ouvi durante tantas vezes em sua casa. Aqui quem fala "Seu Mané", é aquele jovem médico que um dia foi na sua casa e através de suas mãos ingressou na vida pública. Guimarães Rosa diz: não morrem os mortos que os vivos vivem. Ele não vai morrer nunca, e estará sempre presente na memória e na alma do povo do Seridó".
O sepultamento foi na tarde de ontem, no Cemitério Campo Jorge, em Caicó. Ele morreu na manhã do domingo. O velório começou ainda no domingo, quando por volta das 17h20, o corpo chegou a Caicó, e foi conduzido para o salão nobre da antiga prefeitura, no centro da cidade.
Antes de chegar ao local, o cortejo fúnebre passou em frente à residência dele, na Rua Felipe Guerra, num gesto de despedida por parte da família. O corpo foi recebido pela banda de música Recreio Caicoense ao som de Bandeira Branca, usada em praticamente em todas as suas campanhas políticas, principalmente em uma época de ânimos acirrados.
No trajeto, seguido por centenas de pessoas em carros, motos, bicicletas e a pé, a filarmônica, executou músicas, inclusive Bandeira Branca. A missa de corpo presente foi celebrada pelo pároco Monsenhor Edson Medeiros, e concelebrada por diversos padres da Diocese.
Além de Rosalba, Henrique e Álvaro Dias, estiveram presentes ao velório o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta para quem Manoel Torres é exemplo de ética e de honradez; deputado estadual Vivaldo Costa; secretário de Agricultura Betinho Rosado, prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores do Seridó.
Em e-mail encaminhado ao blogueiro Marcos Dantas, o desembargador Cláudio Santos, lembra que "os grandes homens públicos que foram prefeito à moda antiga estão paulatino e lamentavelmente desaparecendo". E cita José Marcelino (Equador), Mauro Medeiros (Parelhas), José Braz (Acari), Manoel Paulino (Jardim do Seridó), "restando ainda uns poucos outros, como é o caso de Geraldo Gomes (Currais Novos), Manoel Nogueira (Ouro Branco), Nelson Queiroz (Jucurutu), entre outros".
Humildade, respeito e liderança
Manoel Torres de Araújo nasceu no dia 15 de fevereiro de 1918, no sítio Clemente, zona rural de Timbaúba dos Batistas/RN, antes um distrito de Caicó. Foi um dos nove filhos do casal Paulino Batista e Maria Marcolina. Casou-se com Oscarina de Oliveira Torres em 1942, com quem teve os filhos: Ozelita Torres, (médica residente em São Paulo), Lígia Torres, (médica residente em Natal), Carlos Torres (Galileu) - assessor político, Manoel Torres Filho (agropecuarista), Jussara Torres, (enfermeira), e Marco Torres (Carrossel) já falecido. Oscarina Torres morreu em novembro de 2008.
Em 1945, ao lado dos irmãos, do monsenhor Walfredo Gurgel, do coronel Joel Dantas, Plínio Saldanha e outros políticos da época fundou o PSD (Partido Social Democrático), liderado no Estado pelo senador George Avelino e por João Câmara. Foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1954 e reeleito nas duas legislaturas seguintes.
Em 1968 disputou a prefeitura de Caicó e perdeu por 72 votos para o advogado Francisco de Assis Medeiros, (Doutor Chiquinho ou Burra Cega, como era conhecido). Quatro anos depois voltou a disputar a prefeitura de Caicó e ganhou do agora deputado estadual, Vivaldo Costa, com uma maioria de 75 votos.
Em 1988, aproveitando que o seu sistema adversário estava dividido com duas candidaturas, lançou-se candidato e ganhou a prefeitura novamente. A chefia do Executivo na época era disputada por Sílvio Santos, que era apoiado por Vivaldo Costa e Francisco Pereira, apoiado por Irami Araújo.
Em 1994, foi indicado como suplente numa chapa que elegeu Geraldo Melo como senador, mas não foi prestigiado, não chegando a assumir em nenhum período o cargo. Em 1996, perdeu a disputa pela prefeitura para Vivaldo Costa, e quatro anos depois foi candidato a vice-prefeito de Roberto Germano e ajudou a derrotar Vivaldo. Manoel Torres foi quatro vezes deputado estadual, duas vezes prefeito de Caicó (1973-1975 e 1989-1992).
Na atuação parlamentar o destaque fica, dentre outras matérias, para os projetos que instituíram as emancipações políticas de São Fernando e Timbaúba dos Batistas.
"Manoel Torres era como a fibra do algodão. Pessoa de determinação e muita coragem. Ele não sabia ficar em cima do muro. Entregava-se por inteiro àquela causa, e nunca fez inimigo. Podia ter divergências partidárias, mas nunca inimigos", lembrou a governadora Rosalba Ciarlini, que antecipou a posse de dois novos auxiliares para ir ao enterro. "Esta é uma tarde que marca toda uma história da política do Rio Grande do Norte, do Seridó e de Caicó. Tenho que agradecer [ao ex-prefeito Manoel Torres] em nome de centenas de peemedebistas espalhados Rio Grande do Norte afora. Você foi um exemplo. Muito obrigado por tudo que nos deu, e nos ensinou", complementou o deputado Henrique Eduardo Alves.
O ex-deputado Álvaro Dias, que entrou na política pelas mãos de Torres lembrou que ele sempre foi uma referência para todos os políticos. "Muito obrigado pelas lições que ouvi durante tantas vezes em sua casa. Aqui quem fala "Seu Mané", é aquele jovem médico que um dia foi na sua casa e através de suas mãos ingressou na vida pública. Guimarães Rosa diz: não morrem os mortos que os vivos vivem. Ele não vai morrer nunca, e estará sempre presente na memória e na alma do povo do Seridó".
O sepultamento foi na tarde de ontem, no Cemitério Campo Jorge, em Caicó. Ele morreu na manhã do domingo. O velório começou ainda no domingo, quando por volta das 17h20, o corpo chegou a Caicó, e foi conduzido para o salão nobre da antiga prefeitura, no centro da cidade.
Antes de chegar ao local, o cortejo fúnebre passou em frente à residência dele, na Rua Felipe Guerra, num gesto de despedida por parte da família. O corpo foi recebido pela banda de música Recreio Caicoense ao som de Bandeira Branca, usada em praticamente em todas as suas campanhas políticas, principalmente em uma época de ânimos acirrados.
No trajeto, seguido por centenas de pessoas em carros, motos, bicicletas e a pé, a filarmônica, executou músicas, inclusive Bandeira Branca. A missa de corpo presente foi celebrada pelo pároco Monsenhor Edson Medeiros, e concelebrada por diversos padres da Diocese.
Além de Rosalba, Henrique e Álvaro Dias, estiveram presentes ao velório o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Motta para quem Manoel Torres é exemplo de ética e de honradez; deputado estadual Vivaldo Costa; secretário de Agricultura Betinho Rosado, prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e ex-vereadores do Seridó.
Em e-mail encaminhado ao blogueiro Marcos Dantas, o desembargador Cláudio Santos, lembra que "os grandes homens públicos que foram prefeito à moda antiga estão paulatino e lamentavelmente desaparecendo". E cita José Marcelino (Equador), Mauro Medeiros (Parelhas), José Braz (Acari), Manoel Paulino (Jardim do Seridó), "restando ainda uns poucos outros, como é o caso de Geraldo Gomes (Currais Novos), Manoel Nogueira (Ouro Branco), Nelson Queiroz (Jucurutu), entre outros".
Humildade, respeito e liderança
Manoel Torres de Araújo nasceu no dia 15 de fevereiro de 1918, no sítio Clemente, zona rural de Timbaúba dos Batistas/RN, antes um distrito de Caicó. Foi um dos nove filhos do casal Paulino Batista e Maria Marcolina. Casou-se com Oscarina de Oliveira Torres em 1942, com quem teve os filhos: Ozelita Torres, (médica residente em São Paulo), Lígia Torres, (médica residente em Natal), Carlos Torres (Galileu) - assessor político, Manoel Torres Filho (agropecuarista), Jussara Torres, (enfermeira), e Marco Torres (Carrossel) já falecido. Oscarina Torres morreu em novembro de 2008.
Em 1945, ao lado dos irmãos, do monsenhor Walfredo Gurgel, do coronel Joel Dantas, Plínio Saldanha e outros políticos da época fundou o PSD (Partido Social Democrático), liderado no Estado pelo senador George Avelino e por João Câmara. Foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1954 e reeleito nas duas legislaturas seguintes.
Em 1968 disputou a prefeitura de Caicó e perdeu por 72 votos para o advogado Francisco de Assis Medeiros, (Doutor Chiquinho ou Burra Cega, como era conhecido). Quatro anos depois voltou a disputar a prefeitura de Caicó e ganhou do agora deputado estadual, Vivaldo Costa, com uma maioria de 75 votos.
Em 1988, aproveitando que o seu sistema adversário estava dividido com duas candidaturas, lançou-se candidato e ganhou a prefeitura novamente. A chefia do Executivo na época era disputada por Sílvio Santos, que era apoiado por Vivaldo Costa e Francisco Pereira, apoiado por Irami Araújo.
Em 1994, foi indicado como suplente numa chapa que elegeu Geraldo Melo como senador, mas não foi prestigiado, não chegando a assumir em nenhum período o cargo. Em 1996, perdeu a disputa pela prefeitura para Vivaldo Costa, e quatro anos depois foi candidato a vice-prefeito de Roberto Germano e ajudou a derrotar Vivaldo. Manoel Torres foi quatro vezes deputado estadual, duas vezes prefeito de Caicó (1973-1975 e 1989-1992).
Na atuação parlamentar o destaque fica, dentre outras matérias, para os projetos que instituíram as emancipações políticas de São Fernando e Timbaúba dos Batistas.
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