Com Lula ainda fora da frente de combate, recuperando-se em casa do tratamento de radioterapia a que foi submetido no começo do ano para combater o câncer na laringe, até a presidente Dilma Rousseff já foi mobilizada para evitar que o PT fique isolado em São Paulo após a reviravolta no cenário eleitoral provocada pela anunciada candidatura de José Serra.
De uma hora para outra, mudou tudo. Antes, era o PSDB que tinha dificuldades para formar alianças por conta da fragilidade dos seus quatro pré-candidatos. Agora, com um candidato tucano viável, apesar do seu alto índice de rejeição, é o PT que corre o risco de ficar com menos tempo de televisão, fundamental para tornar o nome do seu candidato Fernando Haddad mais conhecido.
Até a semana passada, o PT estava conversando com o prefeito Gilberto Kassab e até admitindo formar uma chapa com o PSD em São Paulo para construir um amplo arco de alianças como aconteceu na campanha presidencial que elegeu Dilma.
Em 2010, só ficaram de fora da monumental aliança petista o PSDB, o DEM e o PPS. Agora, além destes três, podem apoiar o candidato tucano o PTB, o PDT, o PP e até o PSB, que já fazem parte da base aliada do governador Geraldo Alckmin, sem falar que o PMDB, o grande aliado petista no plano nacional, insiste na candidatura própria de Gabriel Chalita.
Por esse motivo, ainda na noite de segunda-feira a presidente Dilma Rousseff teve uma longa conversa em Brasília com o governador Eduardo Campos, presidente do PSB, que já deu ordens para seu partido apoiar o PT em São Paulo por conta dos seus planos para 2014.
A entrada de Serra no jogo nacionalizou de vez a disputa paulistana, opondo novamente o ex-governador tucano, que tenta ressuscitar politicamente, a Lula, que joga todas as suas fichas de popularidade para tirar São Paulo das mãos dos tucanos _ primeiro a cidade, depois o Estado.
O problema é que Lula, por recomendação de seus médicos, ainda levará algum tempo para retomar sua atividade política normal e, por isso, caberá a Dilma consolidar alianças agora, que poderão lhe fazer falta nas eleições presidenciais.
É o caso do PR, que continua amuado por não conseguir indicar algum nome do partido para o Ministério dos Transportes, e do PDT, que perdeu o Ministério do Trabalho com as lambanças de Carlos Luppi.
O deputado pedetista Paulo Pereira da Silva, mais conhecido por Paulinho, uma espécie de Gilberto Kassab do trabalhismo, jogando ao mesmo tempo para os dois lados, ora se aproxima de Alckmin, de quem já arancou uma secretaria estadual, ora defende a candidatura própria do PDT e dele mesmo à prefeitura paulistana, o que pode interessar ao PT para provocar um segundo turno.
Quem está assistindo ao teatro político paulistano de camarote é a senadora Marta Suplicy, que queria voltar a disputar a prefeitura, perdeu o lugar para Fernando Haddad, indicado por Lula e Dilma, e foi a primeira a se manifestar contra um acordo com Kassab, que a derrotou nas últimas eleições.
Neste caso, diante da rasteira aplicada pela dupla Serra-Kassab no PT, Marta tinha razão. Se a candidatura de Fernando Haddad não decolar, o partido precisará muito dela, não só para atrair votos na periferia, onde a ex-prefeita mantém um eleitorado cativo, mas principalmente para garantir a unidade interna ameaçada pela aproximação com o PSD de Kassab.
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