Advogado admite ‘erro crasso’ no acidente do Hopi Hari
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Colaboração: Jornal de Jundiaí
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Parque ficará fechado por 10 dias. Família da jovem processará Hopi Hari e Prefeitura de Vinhedo
O advogado Alberto Zacharias Toron, que representa o gerente-geral do Hopi Hari - responsável pela manutenção do parque -, admitiu ontem, pela primeira vez, o erro na operação do brinquedo ‘Torre Eiffel’, de onde a adolescente Gabriella Yukari Nichimura caiu, no último dia 24, a cerca de 20 metros de altura. “A interdição da cadeira estava absolutamente clara naquele dia, mas alguém, inadvertidamente, em um erro crasso, habilitou aquela cadeira”, disse Toron. O gerente prestou depoimento pela segunda vez na semana, ao delegado da Polícia Civil de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Júnior, e ao Ministério Público (MP). Alberto também confirmou que o assento em que estava a jovem foi desativado há 10 anos, e que deve ter sido acionado, de forma manual, por algum funcionário. No primeiro depoimento do gerente, na terça-feira, ele informou que era impossível ter havido falha mecânica na atração, além de ter dito que a causa mais provável do acidente foi falha humana. O gerente de operações do parque também seria ouvido ontem, mas o depoimento foi cancelado. O motivo não foi divulgado pela polícia e pelo MP. O engenheiro responsável pelo Hopi Hari, Fábio Ferreira, é outro que prestará esclarecimentos, porém sem data marcada, de acordo com Toron. Portas fechadas O parque situado na Rodovia dos Bandeirantes, em Vinhedo, ficará fechado por 10 dias. A informação foi confirmada ontem, com a alegação de que será feita perícia em todos os brinquedos do empreendimento. A Assessoria de Imprensa do empreendimento não se manifestou sobre o fechamento. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi assinado entre a direção do Hopi Hari e o Ministério Público. Nesta época do ano, o público frequenta o local de sexta a domingo. Segundo o MP e a polícia, a perícia feita anteontem - depois de a família ter mostrado às autoridades, anteontem, uma foto de Gabriella, os pais e a irmã no Torre Eiffel - comprovou que a cadeira onde a jovem japonesa estava era a da ponta esquerda, entre as quatro do conjunto da atração, e que a trava do assento abriu na descida. Familiares da adolescente depuseram nesta quarta-feira e os pais (Silmara e Armando) participaram de coletiva de imprensa em São Paulo. A decisão sobre o fechamento temporário do parque foi confirmada pela promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, pelo advogado do parque, Alberto Zacharias Toron, e pelo delegado titular de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Júnior, responsável pelas investigações do acidente. R$ 3 MILHÕES Família quer indenização do parque e da Prefeitura Ademar Gomes, advogado do casal Silmara Aparecida da Costa Nichimura e Armando Hisatoch Nichimura, pais de Gabriella, acompanhou os clientes na coletiva de imprensa convocada, ontem, para esclarecer fatos ocorridos no dia da morte da jovem. O encontro foi no escritório de Gomes, na Avenida Brasil, em São Paulo, e o especialista confirmou que a família processará o Hopi Hari e a Prefeitura de Vinhedo. “Pediremos R$ 2 milhões de indenização ao parque, por danos morais e materiais; o restante será de um processo por danos morais junto ao Poder Executivo vinhedense”, adiantou Ademar. O advogado foi contundente nas críticas ao empreendimento e às perícias feitas no brinquedo Torre Eiffel. “Houve negligência, imprudência e imperícia dos funcionários do Hopi Hari. Quanto ao trabalho feito na cadeira em que se disse que a garota estava, ele foi fraudulento e imprestável. As testemunhas que deram falso testemunho também serão processadas”, adiantou o representante da família Nichimura. Gomes questionou ainda porque a perícia não foi realizada nas quatro cadeiras do assento em que Gabriella, seus pais e irmã estavam. “A verdade deve aparecer, doa a quem doer”. A MÃE Silmara: “A Yukari queria ser jornalista” Silmara, mãe da menina Gabriella, falou por cerca de 40 minutos, na coletiva de ontem. Seu marido, Armando, disse pouca coisa, mas apesar disso se emocionou, assim como a esposa. Ela lembrou do dia do acidente e de momentos alegres da filha, chamada de Yukari por Silmara. “Ela estava feliz. Tínhamos planos para ir à praia e viajar para o sul do país. Resolvemos ir ao parque primeiro e não pudemos cumprir o restante”, disse. A mulher continuou revelando que ninguém da família está vendo TV ou lendo jornal, desde a morte de Gabriella. “Só assistimos desenhos animados. Apesar disso, quero agradecer a vocês, jornalistas, pela divulgação do caso. Se não é a mídia, tudo isso pode acabar em pizza. Falo bem da imprensa porque me lembro da Yukari, que queria ser jornalista em Tóquio”. Uma das maiores preocupações de Silmara hoje, além do esclarecimento dos fatos, é com a filha caçula, de sete anos. “Disse a ela o que ocorreu (o acidente no Hopi Hari) e, como a Gabriella gostava de dançar, afirmo que ela está no céu, dançando com Jesus”, revelou. A mãe completou: “Faço um apelo aos futuros depoentes do caso. Que tenham sabedoria e falem a verdade. Em parques de diversão no Japão, os funcionários checam tudo o tempo todo, o que não ocorreu no Hopi Hari. Para mim, um brinquedo com uma cadeira quebrada já não presta”. |
sexta-feira, 2 de março de 2012
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