sábado, 17 de março de 2012

Morre, em Cotia, o pai da geografia brasileira


Foram com as palavras do geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber, que descreveu com precisão as paisagens brasileiras, que o País começou, há pouco mais de 60 anos, a conhecer em profundidade seus biomas.

Ao longo dessas décadas de pesquisa, o professor da Universidade de São Paulo elaborou teorias fundamentais para o conhecimento dos aspectos naturais do Brasil, mantendo-se ativo até a véspera da morte dele. Ontem pela manhã, aos 87 anos, teve um enfarte fulminante na casa delel em Cotia (SP).

Professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Ab’Saber foi um dos mais importantes estudiosos da geomorfologia brasileira, desenvolvendo ao longo da carreira mais de 300 artigos e tratados de significativa relevância internacional nas áreas de ecologia, biologia evolutiva, fitogeografia, geologia e arqueologia e, claro, de geografia.

Teve ainda papel de liderança no desenvolvimento de uma consciência conservacionista no Brasil. A teoria dele dos refúgios e redutos, segundo a qual durante a última glaciação a Amazônia teria se reduzido a pequenas reservas, "criou uma base para identificação de áreas de grande relevância para a conservação da biodiversidade, coisa que não era valorizada antes dos trabalhos dele", afirma João Paulo Capobianco, ex-secretário do Ministério do Meio Ambiente.

Presidente de honra, ex-presidente e conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), vinha visitando a sede entidade com frequência nas últimas semanas para a preparação do terceiro volume da coleção Leituras Indispensáveis, ainda a ser publicado. Ruth Andrade, secretária-geral da SBPC, conta que na quinta-feira ele esteve lá muito "ativo e lúcido". Levava de presente sua obra consolidada, de 1946 a 2010, em um DVD.

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