Nas direitas do Backdoor saiu a nota 10 de Medina na final (Foto: Kirstin Scholtz / ASP)
No entanto, isto não diminuiu a festa brasileira nas areias do templo sagrado do esporte, com a multidão carregando Medina nos ombros até o pódio. Para não depender dos resultados dos seus dois únicos concorrentes ao título, ele precisava ser finalista do Billabong Pipe Masters em memória a Andy Irons e atingiu a meta. Na sexta-feira de tubos de 6-8 pés tanto nas esquerdas de Pipeline como nas direitas do Backdoor, Gabriel Medina já tirou Kelly Slater da briga quando derrotou o havaiano Dusty Payne, que liderava o ranking da Tríplice Coroa Havaiana. Mick Fanning ainda continuou no páreo ao superar o francês Jeremy Flores com um tubo surfado no minuto final, mas Slater acabou eliminado em 13.o lugar na terceira fase também nos últimos segundos por um tubaço do brasileiro Alejo Muniz. E foi o catarinense que acabou confirmando o título mundial para Gabriel Medina ao barrar o seu outro concorrente, Mick Fanning, na repescagem para as quartas de final.
Com a passagem de Medina para a quarta fase, o australiano Mick Fanning já precisava da vitória no Pipe Masters para impedir o primeiro título do Brasil na história do WCT, mas perdeu para Alejo Muniz e terminou em nono lugar como vice-campeão mundial de 2014. Medina já estava na água disputando a quarta de final verde-amarela com o também paulista Filipe Toledo quando ouviu o anúncio e saiu para festejar o título, mas voltou ao mar e ainda venceu a bateria. Depois passou por Josh Kerr para se tornar o segundo brasileiro a ser finalista em Pipeline, repetindo o feito do carioca Pepê Lopes no primeiro ano do Circuito Mundial, que ficou em sexto lugar naquela final de 1976 composta por seis competidores.
Gabriel Medina carregado pela torcida nas areias de Pipeline (Foto: Kelly Cestari / ASP)
FINAL ELETRIZANTE – A decisão foi emocionante do início ao fim. Começou com Julian Wilson saindo de um tubo incrível no Backdoor que recebeu nota máxima de dois dos cinco juízes, com a média ficando em 9,93. Mas, Medina logo deu o troco em outro tubaço ainda mais fantástico, sumindo na cortina d´água e reaparecendo com o spray já com os braços para cima para ganhar nota 10 unânime. Depois pegou um nas esquerdas de Pipeline que valeu nota 8 e liderou toda a bateria, até a série que entrou no último minuto. O australiano achou outro tubão nas direitas do Backdoor e saiu em pé vibrando com a onda que poderia lhe dar a vitória, mas Medina também pegou uma bomba nas esquerdas de Pipeline, sumiu lá dentro e surgiu depois da baforada do spray também festejando com os punhos cerrados para a vibração da praia.
CAMPANHA DO TÍTULO MUNDIAL DE GABRIEL MEDINA:
1.a etapa: Campeão do Quiksilver Pro Gold Coast na final contra Joel Parkinson na Austrália
2.a: 5.o lugar no Drug Aware Pro Margaret River perdendo para Josh Kerr nas quartas de final
3.a: 9.o lugar no Rip Curl Pro Bells Beach perdendo para Adriano de Souza na quinta fase
4.a: 13.o lugar no Billabong Rio Pro perdendo para Travis Logie na terceira fase da etapa brasileira
5.a: Campeão do Fiji Pro na final contra Nat Young nos tubos de Cloudbreak na ilha de Tavarua
6.a: 5.o lugar no J-Bay Pro perdendo para Owen Wright nas quartas de final na África do Sul
7.a: Campeão do Billabong Pro Teahupoo na final contra Kelly Slater no Tahiti
8.a: 5.o lugar no Hurley Pro Trestles perdendo para Adrian Buchan nas quartas de final nos EUA
9.a: 5.o lugar no Quiksilver Pro France perdendo para Josh Kerr nas quartas de final em Hossegor
10.a: 13.o lugar no Rip Curl Pro Peniche perdendo para Brett Simpson na terceira fase em Portugal
11.a: Vice-campeão no Billabong Pipe Masters vencido por Julian Wilson nos tubos do Backdoor
WORLD SURF LEAGUE – O título mundial de Gabriel Medina foi o último da história da Association of Surfing Professionals (ASP), entidade que em 1983 substituiu a International Professional Surfers (IPS) que organizou o circuito desde o seu início em 1976 até 1982. A partir de 2015, a ASP muda de nome para World Surf League com a sigla WSL. O primeiro campeão do Brasil agora pode inaugurar uma nova Era e já marcou isso sendo o primeiro surfista a conquistar o título com 20 anos de idade desde Kelly Slater em 1992, quando Medina ainda não tinha nem nascido, pois só veio ao mundo em 22 de dezembro do ano seguinte.
TEMPORADA VERDE-AMARELA – O inédito título de Gabriel Medina no WCT consagrou uma temporada verde-amarela no Circuito Mundial deste ano. O também paulista Filipe Toledo foi o número 1 do ASP Qualification Series e a cearense Silvana Lima confirmou o seu retorno a elite das top-16 do WCT também em primeiro lugar neste mesmo ranking da categoria feminina. O Brasil ainda ficou muito próximo de conquistar mais dois títulos mundiais em 2014, com o carioca Phil Rajzman no Longboard e o paulista Deivid Silva no Pro Junior. Ambos foram vice-campeões nas finais contra o australiano Harley Ingleby e o português Vasco Ribeiro, respectivamente. Nos pranchões, a carioca Chloe Calmon também conseguiu um feito inédito para o Brasil com o terceiro lugar conquistado nas semifinais do Mundial de Longboard na China